27.2.11
31.10.10
(I)MORTALIDADE - Ao Dr. João dos Santos Costa
sobrevivem na memória dos que amaram.
Em memória do Dr. João Manuel dos Santos Costa, pelas razões que todos conhecem...
(I)MORTALIDADE
Ainda És
mesmo depois
das lágrimas
em poço fundo
que acompanharam
o corpo
Ainda És
nos rostos salgados
de saudade
em olhar escondido
das pétalas de sol
e de passado.
Novembro/92
5.10.10
Zabumbas nos Chocalhos 2010 - Alpedrinha
22.2.10
Muito Trabalho... mas com Vontade de Regressar
Mas tenho saudades de voltar a publicar, confesso.
Vou tentar voltar com algumas coisas novas...
Poemas??? Fotos???? Reflexões????
Quando voltar saberei...
Por agora..
Um Beijo
para os que mostram saudade de espreitar por esta janela que tem estado fechada...
26.3.09
Objectivamente na Subjectividade
Tem sido um período lectivo farto de emoções, surpresas, desi-lusões, expectativas. Tempo de partilha, ora angustiante, ora revigorada pelos laços que se criam, num espaço como uma escola viva.
Não há ordem nos factos, mas talvez nos sentimentos. Com desalento, quantas vezes nos questionamos, perante a pequenez da nossa existência, quando nos vemos confrontados com situações dramáticas, que nos tocam o âmago - a alma.
Como reagir quando tomamos conhecimento que alguém que tem um sorriso doce, é inteligente e um comportamento irreprovável, até mesmo meritório, tentou por fim à sua própria vida??? Uma pessoa sensível, carinhosa, estimada... Ficamos devastados... E surgem as mais variadas evidências de solidariedade, provas de amizade, de amor, carinho, que não podem mostrar-se cientificamente, apenas se sentem, no silêncio respeitoso da intimidade, ou nas palavras confidenciais.
Como ficamos quando sabemos que um aluno perde a sua mãe, com pouco mais de 40 anos?? O que dizer a esse jovem, no abraço forte, sentido e meigo, depois desta tragédia incontornável??? Estar presente, é o mínimo. Partilhar algumas palavras de conforto, disponibilizar ajuda... mas quem pode ajudar??? Tudo soa a frase feita e de circunstância, ainda que as lágrimas teimem em soltar-se, mais uma vez nos assalta o questionamento sobre a nossa existência, sente-se o vazio, recordam-se outras perdas, a impotência... reina o silêncio conselheiro.
Como gerir os afectos, quando sabemos que a felicidade de alguém passa pelo afastamento, pela ausência anunciada??? Uma transferência, não é abandono escolar, não, uma necessária transferência de uma aluna doce, carinhosa, que nos abraça e beija com toda a pureza da adolescência por viver... criaram-se laços... como vamos dizer adeus???
Um dia destes veio à nossa escola, propositadamente, um ex-aluno, agora jovem trabalhador no activo, porque tinha saudades de alguns dos seus professores, da escola, dos conselhos, até dos conteúdos de algumas disciplinas (confidenciou-me), imagine-se!... e esta é uma situação recorrente, acreditem... são tantos os alunos que ficam com saudades e voltam para nos dar um abraço de estima e consideração...
E outros que nos reconhecem em locais onde nem imaginaríamos e dizem: "Foi minha professora lembra-se? Agora é que eu vejo como me portava naquele tempo... agora é que eu precisava ouvir o que me ensinava..."
Nada disto é mensurável, se pode provar, ou objectivar numa simples grelha, apenas se sente e vive.
Eu vou ter um objectivo mais explícito, no futuro (porque implícito já o é há muito): que nenhum aluno se esqueça de mim, que me recorde, porque o chamei à atenção, porque o incentivei, porque o corrigi, porque o aconselhei, porque o marquei... porque lhe disse o que não queria ouvir, mas precisava ser dito, porque o elogiei, porque o fiz trabalhar, porque não o ignorei... Não poderei mostrar evidências, mas não é disto que se trata, nestas relações bilaterais, de anos e anos de convívio, ora pacífico, ora orientador... trata-se de emoções, de preocupações, de sentidos, de caminhos cruzados...
Objectivamente não me recordo dos nomes, das classificações, mas recordo-me dos rostos, das atitudes, dos conflitos, dos consensos... subjectivamente sinto cada aluno como pessoa, à espera de encontrar o sentido dos seus passos, às vezes perdidos, outras orientados... mas nada disto se mede, é genuinamente subjectivo e jamais será objectivável.
Paula Cristina Lucas da Silva, co-coordenadora do ATITUDES, professora em avaliação, num modelo cheio de grelhas e em busca de evidências...
26.12.08
"Gardunha: Silêncios de Granito" - Apresentação na ESMA
Integrada nas actividades da Mediateca e no âmbito da Feira do Livro que todos os anos se realiza na nossa escola, o dia 28 de Novembro foi palco da apresentação do primeiro, espero que de muitos livros da professora Paula Silva, uma das professoras de Filosofia da escola e coordenadora deste jornal há mais de uma década. Como colega, e principalmente como amiga, quis escrever o artigo de homenagem a este evento, mas a verdade é que, como diz o povo, ninguém é bom juiz em causa própria, por isso pedi a um dos presentes na bela cerimónia, que o fizesse. E aqui fica ele. Da minha parte, só posso estar orgulhosa de conviver tão de perto, e há tantos anos, com alguém tão inteligente, sensível, corajosa, lutadora, justa, amiga e excelente professora como é a professora Paula Silva e tenho a certeza que os seus alunos, antigos e actuais concordam comigo, assim como os colegas e amigos que com ela de perto convivem no dia-a-dia.
A palavra fez-se poema, o poema fez-se livro, de memórias, momentos, vivências, que nunca se perdem no tempo, porque afinal nós somos isso mesmo, vivências, emoções, sejam alegrias ou tristezas, ou pura e simplesmente viver. Vi uma sala cheia de colegas, amigos, pais e alunos, amigos dos amigos, um poema musicado e nos olhos da Paula, vi as ruelas estreitas da aldeia de granito que um dia hei-de visitar, mas por elas já caminhei na poesia e nas fotografias, na sua obra em papel ou nos blogs. Compreendo e comungo desta saída da cidade-bulício, serras de betão, rios de lágrimas e desespero, em que os prédios fazem sombra às árvores enquanto estas morrem de pé. Do regresso às origens, das noites frias junto ao aconchego da lareira, do silêncio da serra, do grito desesperado à indiferença citadina, do som da banda em dia de procissão, em vez do ruído constante do trânsito, sirenes e mais sirenes, das paredes das casas que falam de mãos calejadas trabalhando pedra a pedra, erguendo casas, por homens a quem chamavam pedreiros, de gestos simples e precisos, seja granito ou basalto, cada vez mais a necessidade da calma, de paz, o regresso às origens, a fuga sem virarmos a cara ou fugirmos dos problemas. Somos filhos da pedra, basalto ou granito, ouves o som do riacho montanha abaixo, eu ouço o fragor do mar contra a encosta negra, o vento subindo o Pico, arredando nuvens, mostrando-o em toda a sua imponência, deixo-me ficar junto ao ribeiro que alimenta o mar, ouço o piar do milhafre pairando sobre a encosta, afago o musgo que cobre a rocha negra, veludo sobre a dureza da pedra, da vida. Põe-se o sol sobre o mar profundo, venha a noite sobre os mistérios da ilha maior. Cada um de nós precisa da sua Gardunha.
João Fernando
A Notícia
A Mediateca promoveu, integrada nas suas actividades, particularmente no decorrer da Feira do Livro, que todos os anos realiza, desta vez reforçada pela comemoração dos vinte anos da escola, a apresentação do primeiro livro de poemas da professora de Filosofia, Paula Silva, a que chamou Castanhas com Livros, no dia 28 de Novembro, pelas 20:30H, no Auditório da nossa escola. Foram convidados para o evento alunos e Encarregados de Educação, bem como os professores e restantes funcionários da escola. Estiveram presentes alunos, professores, pais e Encarregados de Educação, Auxiliares de Acção Educativa, a Associação de Pais, os presidentes, do Conselho Executivo e do Conselho Geral Transitório, entre outros amigos da autora.
A coordenadora da Mediateca, professora Gina Rodrigues, deu início à sessão, seguindo-se a apresentação de um PowerPoint onde se deu a conhecer um pouco da Vila de Alpedrinha (terra natal da autora do livro Gardunha: Silêncios de Granito), através de algumas fotos com versos do livro anunciado, ilustrando assim a razão de ser da publicação – uma homenagem à Vila e às suas gentes, local onde a professora Paula Silva nasceu, cresceu e viveu até aos dezassete anos, e onde ainda hoje procura refrescar a alma, nas fontes com água límpida, no granito secular trabalhado com gosto e na paisagem arrebatadora.
O Presidente do Conselho Executivo proferiu algumas palavras de elogio às actividades dinamizadas pela Mediateca e em particular a esta iniciativa, felicitando a professora Paula Silva pelo facto de nos brindar com uma obra poética e referindo algumas qualidades da professora no campo profissional, nomeadamente a sua dedicação à escola. Coube ao professor José Antunes apresentar a obra, salientado a criatividade poética dos versos e a necessidade do leitor encontrar no livro o não dito, os silêncios, e leu algumas partes do Prefácio do livro, da autoria do poeta e antropólogo Dr. Luís Filipe Maçarico, amigo da professora Paula Silva, que não pôde estar presente na sessão. A professora Paula Silva leu, de seguida um texto, depois de agradecer aos presentes, contou a história do livro e mostrou a gratidão para com os alunos do 11º 2 e 11º 3, entre outros presentes, do 11º 5 e 10º 4, pelo apoio que lhe deram, em especial aos que iam declamar poemas seus. Salientou ainda que cada professor é uma pessoa, e que nem sempre é possível conhecermos essa pessoa, mas que naquele livro não estava a professora, mas a pessoa, que tem as suas raízes em Alpedrinha mas que se orgulha de trabalhar na nossa escola, como fez questão que ficasse referido na contracapa do livro. Seguiu-se a declamação de poemas; primeiro na voz do professor José Antunes, que musicou um poema e o cantou para os presentes, acompanhando-se à guitarra, (o que emocionou a autora, pois foi uma surpresa e encantou o público); depois os alunos Ana Mata, Joana Sá e Everaldo Bento, declamaram alguns poemas, que agradaram igualmente o público; a terminar esta parte, a professora Ana Sérgio declamou também um poema, mas antes elogiou as qualidades humanas e profissionais da amiga Paula Silva, o que novamente comoveu a autora.
A professora Paula Silva finalizou a apresentação com novos agradecimentos, em especial aos alunos que declamaram os poemas e aos colegas José Antunes e Ana Sérgio, essencialmente pelas palavras de apreço ditas e pela beleza da melodia musical que o professor José Antunes colocou no poema escolhido, considerando que estava em consonância com o seu sentir. Ainda declamou para os presentes dois poemas, um do livro apresentado, e outro mais intimista, o que trouxe da assistência os últimos aplausos.
O público presente comprou o livro, que a autora autografou durante algum tempo, e foi convidado a deslocar-se à Mediateca para comer umas castanhas assadas, umas agualvas, chocolates, chá e café, entre outras iguarias que foram o pretexto para um saudável convívio, na continuação de um serão mágico que só acabaria já passava muito das 22:30H.
Fotos: João Fernando; Textos do Jornal ATITUDES, Escola Secundária de Matias Aires